Tratamento da obesidade: o que está liberado pela Anvisa no Brasil?

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O tratamento da obesidade é um desafio complexo que exige uma abordagem cuidadosa.

Em muitos casos, o uso de medicamentos pode ser necessário, especialmente quando mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios físicos, não são suficientes para alcançar resultados satisfatórios. 

Esses medicamentos atuam em diferentes mecanismos do organismo, ajudando a controlar o apetite, reduzir a absorção de gordura ou melhorar o metabolismo. 

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regula e aprova os medicamentos que podem ser utilizados com segurança para auxiliar na perda de peso e no controle dessa condição.

Isso garante que eles passaram por rigorosos testes de eficácia e segurança antes de serem disponibilizados para prescrição médica.

Portanto, conhecer quais tratamentos estão liberados é fundamental para quem busca alternativas no combate à obesidade, sempre sob a supervisão da endocrinologista.

O que é a obesidade e quais são as principais causas dessa condição?

A obesidade é uma doença crônica multifatorial caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.

Ela é capaz de aumentar o risco de diversas outras doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, esteatose hepática, dislipidemia, doenças cardiovasculares, apneia do sono e alguns tipos de câncer, como o de mama e intestino.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, esse é um dos principais problemas de saúde pública no mundo.

No geral, uma pessoa é considerada obesa quando apresenta IMC igual ou superior a 30 kg/m².

O IMC entre 25 e 29,9 é classificado como sobrepeso, enquanto valores acima de 30 são divididos em graus de obesidade: grau I (30 a 34,9), grau II (35 a 39,9) e grau III (igual ou superior a 40).

Porém, lembramos que o diagnóstico não deve se basear apenas no IMC. É de extrema importância uma análise clínica detalhada para avaliar a distribuição da gordura corporal, presença de comorbidades associadas, histórico do peso e estilo de vida do paciente.

Entre os principais fatores para essa condição, destacamos:

  • Fatores genéticos e metabólicos: 70% do nosso peso é determinado geneticamente;
  • Alimentação inadequada: o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura trans e saturada, entre outros, é um dos principais contribuintes para o ganho de peso;
  • Sedentarismo: a falta de atividade física regular favorece o desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico;
  • Distúrbios hormonais: alterações em hormônios reguladores da fome e do metabolismo podem favorecer o ganho de peso;
  • Questões emocionais e psicológicas: transtornos como ansiedade e depressão, podem contribuir para comportamentos alimentares inadequados;
  • Uso de medicamentos: certos fármacos podem favorecer o acúmulo de gordura corporal;
  • Privação de sono e ritmos desregulados: dormir pouco está associado a alterações metabólicas e aumento do apetite.

Quais medicamentos para obesidade estão liberados no Brasil atualmente?

Atualmente, existem diferentes tipos de medicamentos aprovados pela Anvisa para o controle da obesidade e cada um deles atua de maneira específica no organismo. 

Alguns aumentam a saciedade, enquanto outros interferem na absorção de gordura ou modulam o metabolismo energético.

A escolha do medicamento mais adequado deve considerar, principalmente, fatores como, o perfil alimentar individual de cada paciente (ex: hiperfágico, beliscador, baixo queimador de caloria), presença de outras doenças associadas (ex: diabetes, hipertensão, esteatose hepática) e o risco cardiovascular.

Por isso, é fundamental contar com o acompanhamento de uma médica especializada, que poderá indicar a melhor opção terapêutica, ajustar as doses ao longo do tratamento e monitorar a resposta clínica de forma segura e eficaz.

Confira abaixo os medicamentos que estão liberados no tratamento da obesidade atualmente:

Hormônios Incretínicos 

Atualmente, são os medicamentos mais estudados e de maior potência para o controle da obesidade. São representados pelos agonistas do receptor de GLP-1 e pelos agonistas duplos de GLP-1 e GIP, substâncias que ficaram popularmente conhecidas como as “canetas emagrecedoras”, porém foram inicialmente desenvolvidas para o tratamento do diabetes tipo 2.

Esses fármacos imitam a ação de hormônios incretínicos, que são naturalmente produzidos pelo intestino após a ingestão de alimentos, e que atuam de diversas formas. 

No sistema nervoso central (hipotálamo), estimulam os neurônios que sinalizam saciedade, no trato digestivo, retardam o esvaziamento gástrico, aumentado a saciação, e no pâncreas, aumentam a liberação de insulina, controlando principalmente a hiperglicemia pós refeições. 

Como consequência, ocorre diminuição na ingestão calórica e um melhor controle da glicemia pós prandial, facilitando não só o processo de emagrecimento, como também o tratamento do diabetes tipo 2 e da resistência à insulina. 

A aplicação é feita por via subcutânea, geralmente uma vez ao dia ou uma vez por semana a depender da substância, com doses ajustadas conforme a resposta clínica e a tolerância do paciente.

Diversos estudos clínicos de alta qualidade demonstram a eficácia desses medicamentos na perda de peso, com reduções médias que podem ultrapassar 20% do peso corporal total em determinados casos, resultados que, até pouco tempo atrás, eram observados apenas com intervenções cirúrgicas. 

No entanto, é importante destacar que o uso dessas medicações deve sempre ser feito com acompanhamento médico rigoroso, já que é necessário avaliar riscos, contra-indicações, possíveis efeitos adversos e, principalmente, se o tratamento está alinhado às necessidades e objetivos de saúde do paciente. 

O apoio da endocrinologista nesse processo é fundamental para garantir um tratamento seguro, eficaz e individualizado, com foco na melhora global da saúde e da qualidade de vida.

Anorexígenos

Outro medicamento que pode ser utilizado no tratamento da obesidade, em casos selecionados, são os pertencentes à classe dos anorexígenos. 

Seu principal mecanismo de ação se dá no sistema nervoso central, onde atua inibindo a recaptação de neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina. 

Com isso, há um aumento da concentração desses neurotransmissores nas sinapses cerebrais, o que promove maior sensação de saciedade e redução do apetite, levando a uma ingestão calórica menor ao longo do dia.

Apesar de apresentar bons resultados na perda de peso e na redução da circunferência abdominal, é um medicamento que requer atenção especial, pois pode provocar efeitos colaterais como aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, insônia, boca seca e ansiedade.

Por esse motivo, seu uso é contraindicado para pessoas com histórico de hipertensão não controlada, arritmias cardíacas, infarto prévio, AVC ou outras doenças cardiovasculares, além de pacientes com distúrbios psiquiátricos graves. 

Com o monitoramento adequado, o uso criterioso da sibutramina pode trazer benefícios significativos, contribuindo para o controle do peso e para a melhora de condições associadas à obesidade, como dislipidemia e resistência à insulina.

Inibidores da absorção de gordura

Entre os medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade, os inibidores da absorção de gordura ocupam um papel importante, especialmente para pacientes que preferem ou precisam evitar substâncias que atuam no sistema nervoso central. 

O mecanismo de ação ocorre diretamente no trato gastrointestinal: ele age inibindo a enzima lipase pancreática, responsável por quebrar as moléculas de gordura dos alimentos em partículas menores, facilitando sua absorção pelo organismo. 

Com a enzima inibida, cerca de 30% da gordura ingerida na alimentação não é absorvida e acaba sendo eliminada intacta nas fezes.

Essa ação local, sem interferência no sistema nervoso central, faz deste medicamento uma opção segura para pessoas com contraindicação ao uso de medicamentos anorexígenos ou agonistas de GLP-1, como aquelas com histórico de doenças psiquiátricas ou cardiovasculares. 

Apesar de ser uma medicação bem tolerada por grande parte dos pacientes, o medicamento exige alguns cuidados importantes. Como parte da gordura ingerida não é absorvida, podem ocorrer efeitos colaterais gastrointestinais como diarreia, flatulência com eliminação de gordura (esteatorreia), urgência fecal e aumento da frequência das evacuações. 

Outro ponto de atenção é que, ao reduzir a absorção de gordura, o Orlistate também pode interferir na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Por esse motivo, pode ser necessário o uso de suplementação vitamínica, sempre sob orientação médica. 

Além disso, o acompanhamento com um endocrinologista é fundamental para avaliar os resultados, ajustar a dose se necessário e monitorar possíveis carências nutricionais.

Portanto, embora a substância não atue diretamente no controle do apetite, ele pode ser uma ferramenta eficaz e segura para o controle do peso quando usado de forma adequada e dentro de um plano terapêutico completo, que inclua reeducação alimentar, atividade física regular e mudanças no estilo de vida.

Terapia combinada (Cloridrato de bupropiona + Cloridrato de naltrexona)

A combinação de Cloridrato de Bupropiona e Cloridrato de Naltrexona é uma opção aprovada pela Anvisa para o tratamento da obesidade em adultos. Trata-se de uma terapia combinada que atua diretamente no sistema nervoso central com o objetivo de modular o apetite e a recompensa alimentar, dois fatores centrais na manutenção do excesso de peso.

A Bupropiona é um antidepressivo atípico que atua inibindo a recaptação de dopamina e noradrenalina, neurotransmissores envolvidos na regulação do humor e do apetite. Ela ajuda a reduzir o desejo por comida e aumentar a saciedade.

A Naltrexona, por sua vez, é um antagonista opioide usado originalmente no tratamento da dependência química. Quando associada à Bupropiona, ela potencializa seu efeito.

O resultado dessa combinação é uma ação dupla sobre o cérebro: de um lado, promove saciedade mais precoce e, de outro, diminui a compulsão alimentar, principalmente por alimentos ricos em gordura e açúcar. 

Por isso, é particularmente útil para pacientes que lutam com episódios de fome emocional, compulsão alimentar ou dificuldade de controle do impulso alimentar.

No entanto, seu uso requer avaliação criteriosa, pois a combinação não é indicada para todos os perfis de pacientes. Entre as principais contraindicações, estão:

  • Histórico de convulsões (a bupropiona pode reduzir o limiar convulsivo);
  • Diagnóstico atual de transtornos alimentares, como bulimia ou anorexia nervosa;
  • Uso crônico de opioides (pela ação antagonista da naltrexona);
  • Hipertensão arterial não controlada.

Além disso, efeitos adversos como náuseas, dor de cabeça, insônia, tontura e ansiedade podem surgir, especialmente nas primeiras semanas de tratamento. 

Por isso, é fundamental que o uso dessa combinação seja feito com prescrição e acompanhamento médico, geralmente iniciando com doses mais baixas e aumentando gradualmente, conforme a tolerância do paciente.

O acompanhamento com o endocrinologista é essencial tanto para avaliar a resposta clínica e segurança do tratamento, quanto para ajustar o plano terapêutico conforme as necessidades individuais. 

A medicação deve sempre ser inserida dentro de um programa mais amplo de controle de peso, que envolva mudanças sustentáveis no estilo de vida, alimentação balanceada, atividade física regular e suporte emocional.

Existem riscos ou efeitos colaterais associados a esses tratamentos?

Sim, todos os tratamentos medicamentosos para a obesidade podem trazer efeitos colaterais e riscos.

De forma geral, esses medicamentos podem provocar efeitos, como:

  • Náuseas, vômitos e desconfortos gastrointestinais, como diarreia ou constipação;
  • Dor de cabeça, tontura e insônia;
  • Aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial são riscos para pacientes com histórico cardiovascular;
  • Alterações no paladar e boca seca;
  • A absorção de algumas vitaminas pode ser prejudicada;
  • Em casos raros, podem surgir complicações mais graves, como pancreatite ou efeitos psiquiátricos.

Por isso, é fundamental que a escolha da medicação seja feita com base em uma avaliação criteriosa, levando em conta o histórico clínico, as comorbidades presentes, os hábitos de vida e os objetivos de tratamento. 

Cada paciente tem um perfil único, e o que funciona bem para um, pode não ser indicado para outro. Por isso, o acompanhamento médico especializado é indispensável para garantir tanto a eficácia quanto a segurança do tratamento.

Quanto tempo dura um tratamento medicamentoso para obesidade?

O tratamento medicamentoso irá variar conforme a resposta do paciente, a presença de comorbidades e a tolerância ao medicamento.

Costumamos indicar essa abordagem por, pelo menos, seis meses a dois anos para dar tempo ao paciente de mudar seus hábitos de vida, como melhorar alimentação e iniciar atividade física, que são essenciais para a manutenção do peso perdido.

Em casos onde existe o benefício contínuo, como obesidade com múltiplas comorbidades, diabetes ou alto risco cardiovascular, a medicação poderá ser usada de forma contínua.

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Vale lembrar que o uso sem acompanhamento médico e a interrupção precoce da medicação, pode levar ao reganho de peso.

Por isso, o acompanhamento constante e regular com a endocrinologista é indispensável.

Qual o papel da endocrinologista no tratamento da obesidade?

A endocrinologista está capacitada para avaliar as causas hormonais, metabólicas e clínicas que contribuem para o ganho de peso e suas complicações.

Essa profissional realiza um diagnóstico detalhado considerando não apenas o peso, mas também a presença de comorbidades e analisando o histórico de saúde e o estilo de vida do paciente.

Com base nessa avaliação, prescrevemos o tratamento mais adequado, sejam mudanças alimentares, orientações sobre atividade física, suporte psicológico e, quando necessário, a indicação de medicamentos ou até procedimentos cirúrgicos.

Assim, é fundamental que o tratamento para obesidade seja sempre acompanhado por essa especialista que poderá garantir a adequação do plano terapêutico, além de acompanhar possíveis efeitos colaterais e ajustar a medicação.

Então, se você deseja iniciar um tratamento seguro e personalizado para obesidade, agende sua consulta com a Dra. Jéssica Moraes.

Conte com um atendimento atualizado e acolhedor para cuidar da sua saúde integral!

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