A definição da obesidade é um tema central dentro da endocrinologia, pois impacta diretamente no diagnóstico, na escolha dos tratamentos e na forma como a doença é reconhecida.
Esse conceito, que sempre foi amplamente discutido, continua em constante evolução, acompanhando as novas descobertas científicas.
Recentemente, mudanças importantes foram propostas, trazendo um olhar mais amplo e individualizado para essa condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
O que é obesidade?
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal que pode prejudicar a saúde e aumentar o risco de diversas complicações, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
Tradicionalmente, ela sempre foi associada ao excesso de peso, mas atualmente entendemos que a obesidade vai muito além de números na balança.
Trata-se de uma condição multifatorial, que envolve aspectos genéticos, metabólicos, hormonais, comportamentais, sociais e ambientais.
Ou seja, não é apenas resultado de alimentação ou sedentarismo, mas de um conjunto de fatores complexos que precisam ser avaliados de forma individualizada.
Como a obesidade era definida
Durante décadas, a principal ferramenta utilizada para definir a obesidade foi o Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado a partir do peso dividido pela altura ao quadrado (kg/m²).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um IMC igual ou superior a 30 kg/m² já caracterizava obesidade.
A classificação considera ainda os diferentes graus de obesidade: Grau I, quando o IMC está entre 30 e 34,9 kg/m²; Grau II, entre 35 e 39,9 kg/m²; e Grau III, quando o IMC é superior a 40 kg/m².
Esse critério se tornou prático e objetivo, permitindo padronização em larga escala.
No entanto, com o avanço dos estudos sobre o tema, ficou evidente que esta definição apresenta limitações importantes e, muitas vezes, não reflete a real condição de saúde de um indivíduo.
Isso porque, este índice não nos permite identificar a composição corporal e principalmente o grau de adiposidade (gordura). Por exemplo, considerando somente o IMC, atletas com alta massa muscular podem ser classificados como obesos, enquanto pessoas com IMC considerado “normal” podem ter excesso de gordura visceral, o tipo mais perigoso para a saúde metabólica.
Além disso, o IMC não avalia aspectos metabólicos, inflamatórios ou funcionais que estão diretamente relacionados às complicações da obesidade.
Por esse motivo, especialistas vêm defendendo a necessidade de incorporar outros parâmetros para tornar o diagnóstico mais preciso.
Novos critérios e abordagens na definição da obesidade
Um marco recente nesse debate foi a publicação, em 14 de janeiro de 2025, de um artigo da The Lancet Diabetes & Endocrinology.
Nele, uma comissão de especialistas sugeriu novas definições e critérios diagnósticos para a obesidade, com objetivo de identificar de forma mais precisa, quem se beneficiará do tratamento.
A proposta repercutiu imediatamente, levando a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) a promoverem debates sobre o tema.
O IMC poderá continuar sendo utilizado como parâmetro, mas sempre associado a outras variáveis, como medidas antropométricas, avaliação de gordura corporal por exames clínicos e presença ou não de complicações metabólicas.
Como identificar excesso de adiposidade:
- 1 critério antropométrico alterado + IMC alterado
- 2 critérios antropométricos alterados, independente do IMC
- Medida direta de gordura corporal por exames clínicos, como densitometria de corpo inteiro ou bioimpedância
Critérios antropométricos considerados:
- Circunferência abdominal (CA)
- ≥ 102 cm para homens
- ≥ 88 cm para mulheres
- Relação CA/quadril
- > 0,9 para homens
- > 0,85 para mulheres
- Relação CA/altura
- > 0,5 para todos
As pessoas com excesso de adiposidade são então divididas em duas categorias: obesidade clínica e pré clínica.
A obesidade clínica passa a ser definida como uma doença crônica e sistêmica causada pelo excesso de gordura corporal, já associada a disfunções orgânicas ou limitações funcionais.
Já a obesidade pré-clínica caracteriza o excesso de gordura ainda sem complicações aparentes, mas que traz risco aumentado de desenvolver problemas no futuro.
Essa distinção permite diagnósticos mais precoces e intervenções preventivas, além de reforçar a importância de acompanhar mesmo quem ainda não apresenta sintomas.
Entre outros pontos importantes do debate, destacou-se a necessidade de adaptar os critérios à realidade brasileira, levando em conta as diferenças regionais e as desigualdades no acesso à saúde.
Além disso, reforçou-se a importância de considerar cada paciente de forma individualizada, evitando abordagens generalistas.
Impactos da nova definição para diagnóstico e tratamento
Uma definição mais criteriosa da obesidade é essencial para garantir que os tratamentos sejam indicados de forma responsável e direcionada.
Com critérios mais bem estabelecidos, é esperado que haja uma intervenção mais precoce em quem apresenta maior adiposidade corporal e que com isso, evite-se o surgimento das complicações associadas à obesidade.
Principais formas de tratamento da obesidade
Por se tratar de uma doença crônica, multifatorial e progressiva, seu tratamento envolve diversas abordagens.
Para alcançar resultados consistentes e duradouros, é fundamental combinar diferentes estratégias, que vão desde mudanças no estilo de vida, até utilização de medicações, sempre com acompanhamento profissional especializado.
Alimentação saudável
A reeducação alimentar é um dos principais pilares do tratamento, priorizando uma dieta equilibrada, rica em alimentos in natura, fibras, proteínas magras e com redução do consumo de ultraprocessados.
O acompanhamento nutricional é fundamental para ajustar o plano alimentar às necessidades individuais e promover mudanças sustentáveis.
Prática de atividade física
A inclusão regular de exercícios físicos, adaptados ao perfil e às condições clínicas de cada paciente, contribui para o aumento do gasto energético, melhoria na composição corporal e prevenção de comorbidades.
A orientação profissional é importante para garantir segurança e eficácia.
Terapia medicamentosa
Muitas vezes recomendada para auxiliar na regulação da fome e saciedade e controlar doenças associadas, como diabetes, esteatose hepática e apnéia do sono. A prescrição deve ser individualizada e sempre acompanhada por um especialista.
No nosso site temos um texto que aborda os diferentes medicamentos para o emagrecimento e suas indicações.
Cirurgia bariátrica
Destinada a casos mais graves de obesidade, especialmente quando há doenças associadas, a cirurgia bariátrica é um recurso para a redução do peso e melhora do estado de saúde geral.
Contudo, exige acompanhamento multidisciplinar contínuo e adesão a mudanças permanentes no estilo de vida.
Apoio psicológico
O acompanhamento psicológico é essencial para compreender e tratar questões emocionais ligadas à alimentação, controlar a compulsão alimentar e fortalecer a adesão ao tratamento a longo prazo.

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A obesidade exige acompanhamento médico especializado e contar com o suporte de um endocrinologista é fundamental para alcançar resultados seguros e duradouros.
A Dra. Jéssica Moraes é endocrinologista em São Paulo e tem como missão oferecer um atendimento humano, individualizado e baseado em evidências científicas.
Sua atuação é voltada para compreender cada paciente de forma única, considerando aspectos clínicos, emocionais e sociais para propor um plano de cuidado realmente eficaz.
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