Câncer de tireoide: do diagnóstico ao tratamento

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O câncer de tireoide, embora represente apenas 1 a 2% de todos os cânceres, é o câncer endocrinológico mais comum e uma das doenças malignas mais diagnosticadas no mundo.

Acomete mais mulheres do que homens (3:1) e aproximadamente 61% dos casos são diagnosticados entre 35 a 64 anos, com média aos 51 anos.

A maioria das neoplasias malignas tireoidianas encontra-se confinadas na tireoide  (67%) ou disseminada para os linfonodos regionais (28%), com apenas 4% dos casos apresentando metástases a distância ao diagnóstico.

Dessa forma, costumam apresentar evolução lenta e bom prognóstico, porém é fundamental que o diagnóstico seja precoce e o tratamento conduzido por especialistas experientes. 

Esse tipo de câncer pode se apresentar de diferentes formas, algumas mais agressivas do que outras, exigindo um plano de cuidado individualizado.

Com acompanhamento médico adequado, as chances de controle e cura são altas, garantindo mais segurança e qualidade de vida ao paciente.

O que é o câncer de tireoide?

A tireoide é responsável por produzir hormônios que regulam funções vitais, como metabolismo, batimentos cardíacos e temperatura corporal. 

O câncer de tireoide é um tumor que se desenvolve nas células dessa glândula localizada na região anterior do pescoço. 

Esta doença é mais comum em mulheres e, quando identificado precocemente, apresenta altas chances de cura. 

De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o período de 2023/2025, são esperados cerca de 4.820 novos casos por ano, sendo 4.060 em mulheres e 760 em homens. 

Embora seja mais frequente em mulheres, homens também podem ser acometidos, especialmente em idades mais avançadas. A maior parte dos casos apresenta crescimento lento e boa resposta ao tratamento, mas existem tipos mais raros que demandam terapias mais complexas.

Quais são as causas e fatores de risco?

As causas exatas do câncer de tireoide ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, alguns fatores de risco são bem estabelecidos:

  • Histórico familiar: casos de câncer de tireoide ou de síndromes genéticas aumentam o risco;
  • Sexo e idade: mulheres são mais afetadas, principalmente entre 40 e 60 anos;
  • Exposição à radiação: exposição em altas doses na infância ou adolescência está associada ao desenvolvimento do tumor;
  • Doenças pré-existentes da tireoide: nódulos ou alterações crônicas podem estar relacionados ao aumento do risco;
  • Obesidade: o excesso de peso está associado a alterações metabólicas e hormonais que podem favorecer o surgimento de diferentes tipos de câncer, incluindo o de tireoide;
  • Deficiência de iodo: sua deficiência pode provocar o aumento da glândula (bócio) e favorecer o desenvolvimento de nódulos, alguns dos quais podem evoluir para câncer. No Brasil, essa condição é rara devido à obrigatoriedade de iodação do sal de cozinha.

É importante destacar que ter um ou mais fatores de risco não significa que o paciente terá câncer, mas pode indicar maior necessidade de acompanhamento.

Quais os principais tipos de câncer de tireoide?

Existem diferentes tipos de tumores de tireoide. Estes se distinguem principalmente quanto à incidência, ao comportamento clínico e ao grau de agressividade, exigindo abordagens específicas para diagnóstico e tratamento.

1.Carcinomas bem diferenciados da Tireoide

  • Carcinoma papilífero

Originário das células foliculares da tireoide, é o tipo mais comum, correspondendo a cerca de 70% a 80% dos casos.

Inclui diversos subtipos como: clássico, folicular infiltrativo, células altas, células colunares, hobnail, esclerosante difusa, sólido/trabecular, oncocítico, e outros

Geralmente, tem crescimento lento e está associado a excelente sobrevida, mas tem o potencial de se espalhar para os linfonodos do pescoço.

A recorrência do tumor normalmente ocorre no leito tumoral, nos linfonodos cervicais ou (raramente) em locais distantes.

  • Carcinoma folicular

Originário das células foliculares da tireoide, é responsável por até 15% dos casos. 

A principal via de metástase é a corrente sanguínea, com maior chance de atingir ossos e pulmões em comparação com o carcinoma papilífero.

Embora seja mais agressivo que o papilífero, também pode ter boa resposta ao tratamento quando diagnosticado precocemente.

  • Carcinoma de células de Oncocíticas

É mais raro, corresponde a 3% dos tumores diferenciados de tireoide, e costuma aparecer em pacientes idosos. 

É considerado mais agressivo do que o carcinoma folicular, e seu prognóstico depende do padrão de invasão do tumor.

2.Carcinoma medular da tireoide (CMT)

É um tumor de células C, parafoliculares ou neuroendócrinas tireoidianas e corresponde a cerca de 2% dos casos. Pode estar associado a síndromes hereditárias, como a Neoplasia Endocrina Múltipla Tipo 2. 

Por esse motivo, quando há diagnóstico de CMT, recomenda-se a investigação genética em familiares próximos.

3.Carcinoma pouco diferenciado

Raro, representa menos de 5% dos casos. Tem maior chance de se espalhar para órgãos distantes e de recorrência após o tratamento, sendo considerado mais agressivo.

4.Carcinoma anaplásico

É um câncer extremamente agressivo, com padrão de crescimento acelerado e infiltrativo e embora represente apenas 1% dos casos, tem alta taxa de mortalidade.

O principal diagnóstico diferencial é o linfoma difuso de células B, sendo fundamental o estudo imunoistoquímico para diferencia-los.

Sintomas e diagnóstico do câncer de tireoide

Os sintomas do câncer de tireoide podem variar bastante de acordo com o tipo e o estágio da doença.

Na maioria dos casos, ele se manifesta inicialmente, por meio de um nódulo na região anterior do pescoço, que pode ser percebido pelo próprio paciente ou identificado em exames de rotina, como a ultrassonografia de tireoide. 

A função da tireoide normalmente não é afetada, logo, esse tipo de câncer não é identificado por exames laboratoriais.

Esse nódulo pode crescer lentamente (mais comum) ou crescer rapidamente e causar sintomas compressivos, como dificuldade para deglutir, falta de ar e rouquidão. Além disso, o aumento de linfonodos do pescoço, também pode ser um sinal de alerta. 

É importante destacar que a maioria dos nódulos da tireoide são benignos, porém, é de extrema importância que seja realizada uma avaliação médica especializada, para identificar possíveis sinais de malignidade, que indicam a necessidade de uma investigação mais aprofundada.

O diagnóstico geralmente começa pela identificação do nódulo na ultrassonografia de tireoide que é capaz de avaliar características como: composição, ecogenicidade, formato, margens e presença ou não de calcificação. Em seguida, pode ser necessário solicitar:

  • Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): coleta de células do nódulo para análise laboratorial;
  • Exames laboratoriais: avaliação hormonal e de marcadores específicos;
  • Exames de imagem complementares: em casos selecionados, pode ser indicado tomografia para avaliar extensão da doença.
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Um diagnóstico preciso é fundamental para definir o tratamento adequado.

A importância do tratamento especializado do câncer de tireoide

O tratamento depende do tipo de câncer, estágio da doença, idade do paciente e presença ou não de metástases. 

O cuidado deve sempre ser conduzido por especialistas para garantir os melhores resultados.

Cirurgia

É a principal forma de tratamento. Pode envolver a remoção parcial (lobectomia) ou total da tireoide (tireoidectomia total). Em casos com comprometimento de gânglios linfáticos (linfonodos), pode ser necessário o esvaziamento cervical para retirada dos mesmos.

Radioiodoterapia

Indicado após a cirurgia, para os casos considerados de risco intermediário ou alto para recorrência. Utiliza iodo radioativo para destruir possíveis células cancerígenas remanescentes.

Terapia hormonal

Após a cirurgia, é comum a necessidade de reposição hormonal com levotiroxina. Além de manter a função metabólica, as doses também ajudam a suprimir o TSH, hormônio que pode estimular o crescimento tumoral, nos casos mais agressivos e de maior risco para recorrência.

Terapias-alvo

Medicamentos específicos podem ser indicados em casos mais graves, bloqueando vias moleculares que permitem o crescimento das células cancerígenas.

Ablação por radiofrequência

Tratamento minimamente invasivo e para casos selecionados, geralmente para tumores pequenos (menores de 1 cm). Promissor, porém ainda com poucos estudos.

Quimioterapia

Raramente utilizada, é reservada principalmente para tumores anaplásicos ou refratários.

O acompanhamento médico após o tratamento

Após o tratamento do câncer de tireoide, o acompanhamento médico deve ser rigoroso e contínuo, já que existe risco de recidiva mesmo em casos de bom prognóstico. 

Nas primeiras consultas, geralmente realizadas a cada 3 a 6 meses, solicitamos exames de sangue para avaliar o nível sérico da tireoglobulina (marcador tumoral nos carcinomas diferenciados), anticorpos antitireoglobulina, além do TSH e T4 livre para ajustar a terapia de reposição ou supressão hormonal.

A ultrassonografia cervical é realizada periodicamente, com maior frequência nos primeiros anos, para monitorar a presença de doença residual ou linfonodos suspeitos. 

Em situações específicas, exames de imagem mais avançados, como tomografia computadorizada ou PET-CT, podem ser indicados.

Com o passar do tempo, caso o paciente permaneça estável e sem sinais de recidiva, os intervalos entre as consultas podem ser estendidos para anuais. 

Esse acompanhamento não apenas permite a detecção precoce de possíveis recorrências, mas também assegura o ajuste individualizado da reposição hormonal e o cuidado integral da saúde a longo prazo.

Além do monitoramento oncológico, a reposição hormonal faz parte do tratamento da maioria dos pacientes que passaram pela tireoidectomia total.

Esse hormônio substitui a função da glândula tireoide e, em doses ajustadas individualmente, mantém o organismo em equilíbrio. 

O ajuste da reposição é feito com base em exames periódicos de sangue e deve ser acompanhado de perto pelo endocrinologista, garantindo tanto a eficácia no controle do câncer, quanto a qualidade de vida do paciente.

Conte com a Dra. Jéssica Moraes

Receber o diagnóstico de câncer de tireoide pode ser um desafio, mas é importante saber que, com tratamento especializado e acompanhamento contínuo, há grandes chances de controle e cura.

A Dra. Jéssica Moraes é médica endocrinologista em São Paulo e tem como missão oferecer um cuidado individualizado, humano e baseado em evidências científicas. 

Sua formação inclui graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, residência em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia e na USP, além de especialização em Endocrinologia e Metabologia pela Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e pós-graduação em Tireoide pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, além de Fellow em Ultrassonografia de Tireoide.

As consultas com a Dra. Jéssica são aprofundadas, com avaliação clínica detalhada, solicitação de exames pertinentes e elaboração de um plano terapêutico totalmente personalizado. 

Agende sua consulta e dê o primeiro passo para cuidar da sua saúde de forma integral, com segurança e acompanhamento especializado.

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